Ainda dá tempo de ganhar dinheiro com bitcoin? A resposta é sim, mas isso depende de quanto e de quando se pretende obter esse ganho. Pode demorar semanas, meses ou anos e sempre há o risco de nunca acontecer.
Algumas pessoas “ganharam o dinheiro de uma vida” com o bitcoin, que saltou de US$ 800 para US$ 72 mil apenas de 2017 para cá. Para ter quadruplicado o dinheiro, o investidor só precisava ter entrado em dezembro de 2022, quando o bitcoin caiu para US$ 16,8 mil, logo após a quebra da FTX e quando poucos queriam ouvir falar em criptomoedas.
Daqui em diante, a proeza não será nessas proporções, na avaliação de boa parte dos especialistas. Especialistas que, vale lembrar, são em sua maioria “conflitados” (o sucesso de suas carreiras depende também do avanço das criptomoedas) e muitas vezes erram em suas projeções. Por exemplo, a maioria daqueles que acreditam que o bitcoin baterá em US$ 1 milhão até 2030 — caso da gestora popstar Cathie Woods, da Ark Investments — esperava que a criptomoeda só romperia o recorde histórico de US$ 69 mil mais para meados deste ano, próximo do chamado “halving”, quando a recompensa dos mineradores cairá pela metade. Erraram.
Também foram equivocados ao prever uma forte alta logo após o início da negociação dos fundos negociados em bolsa (ETFs) de bitcoin à vista, ocorrido em 11 de janeiro. Confirmada a aprovação do produto, o bitcoin teve forte baixa num primeiro momento porque os cotistas que estavam presos no Grayscale Bitcoin Trust, uma espécie de clube de investimento e maior detentor de bitcoins do mundo, viram enfim uma porta de saída de um então “mico” e venderam suas participações.
De qualquer forma, no entanto, a chegada dos ETFs de bitcoin acabou ajudando o desempenho da criptomoeda nas últimas semanas porque provocou um grande fluxo de novos investidores, atraídos pela aproximação entre os investimentos tradicionais e os ativos digitais.
A favor do bitcoin está o fato de ser raro e muito caro, como o ouro. A oferta é finita. A quantidade máxima está fixada em 21 milhões — já existem 19 milhões de unidades e o volume só vai cair até que a última moeda seja criada, por volta de 2140. Independe de intermediários como bancos, corretoras e nem bolsas de negociação — fator controverso porque coloca dúvida sobre uma justa formação dos preços.
Já os céticos (muito deles, mudaram de lado e estão agora com seus próprios projetos “cripto”) consideram o bitcoin especulação pura e apontam vários empecilhos para o avanço das criptomoedas. Diferentemente de outros ativos, o bitcoin não tem valor intrínseco, nem é respaldado por nada.
O código que alimenta o bitcoin requer atualização periódica e está propenso a bugs; se ocorrer uma falha grave, poderá comprometer a estabilidade e a segurança da rede. Novas moedas digitais podem surgir e reduzir a demanda e o valor do bitcoin. Bancos centrais de todo o mundo estão criando suas próprias moedas digitais, como o Drex no Brasil. Isso deve absorver parte da disrupção tecnológica da programação do dinheiro trazido pelas criptomoedas.
Há argumentos razoáveis para apostar e para ter pé atrás com o bitcoin e demais criptomoedas. Como todo ativo de risco, o recomendável é colocar aquilo que possa esperar um bom tempo até amadurecer o investimento ou perder com essa aposta.